quarta-feira, janeiro 24

EU X EU


Eu tenho medos bobos e coragens absurdas. Eu vivo cercada de pessoas por fora da minha bolha egocêntrica, infantil e sensível. Eu preciso de sal e açúcar para não virar os olhos de pressão baixa e hipoglicemia. Escrevo por dois motivos simples: preciso matar o tempo e preciso não morrer. Sou fútil, mas não acompanho moda e meto um chinelinho pra parecer desencanada. Sou romântica, entro em pânico por não ser amada. Eu vivo à espera daquele momento, mas não sei que momento é esse. Às vezes sinto cheiros e morro de saudades de coisas que já não me lembro mais. Eu me orgulho de todas as minhas lembranças ingênuas, mas tenho consciência de que foi a minha fragilidade cansada que me transformou numa pessoa irônica. Eu tenho uma risada escandalosa que me envergonha e uma mania ridícula de ligar pros amigos a qualquer hora. Passo metade do dia odiando minha vida e querendo ser sugada pela minha própria insignificância. A outra metade passo rindo do quanto sou dramática e exagerada. Eu sei de cor tudo o que tenho que fazer para dar certo, mas tenho medo da responsabilidade de ser notada. Adoro o toque do telefone que quebra o barulho do abandono, a força leve da caneta no papel que pode transformar tantas coisas e o som do carro chegando na chuva para me salvar. Às vezes, eu gosto apenas da folha em branco, do silêncio, da noite e da janela fechada, de preferência todos juntos. Adoro o som de crianças num parquinho. Acho tudo o que se refere ao amor extremamente brega. Acho tudo o que não se refere ao amor extremamente infeliz. Tenho crises de pânico mas nunca tomei nenhum remédio, acho normal que às vezes o ar se despeça do meu mundinho fechado e me faça vagar pela falta de pressão do universo. Minha mão fica tão gelada e meu coração tão quente quando estou com meu a amor.Tenho medo de vomitar e não parar nunca mais de vomitar. De bater a cabeça desmaiada na pia e morrer solitariamente. Eu cansei de papo furado à luz de velas, eu cansei da ansiedade e da ilusão de princesa. Eu prefiro um DVD e um pijamão e todas as minhas guloseimas no armário da cozinha. .
Mentira... Tudo mentira... Eu corro atrás o tempo todo.
Não vou falar de nada que não seja meu umbigo.
Sou essa mala monotemática mesmo, chata, obsessiva, mas que ama muito mais do que odeia.

Depois de 5 anos...


Já se foram 5 anos...quantas coisas vivemos juntos,quantos planos fizemos, muitos ainda por realizarmos.
Ainda que passado tanto tempo, com tantos desencontros, ainda consigo lembrar de cada detalhe, das tantas vezes em que nos entregamos verdadeiramente.
Quando você me levou pra cama pela primeira vez, lá eu pensei:- Aqui está a compaixão...Ele me daria essas coisas, assim como o desejo. Quando me tocou, todos os arrepios, aquelas dores suaves e fluidas, foram bem-vindos.
Devagar e livremente, eu me abri para você...desnudando tanto o corpo como o coração...sua pele suava e formigava sob o suave pincelar de meus dedos. O longo puxão que sentí dentro de mim, como uma maré, fez soltar um gemido suave como um suspiro. Quando minha boca se encontrou com a sua, despejei tudo o que sentia no beijo. O que não conseguia oferecer-lhe com palavras, poderia dar-lhe com o coração e com o corpo. Eu sentí que você trepidava, enquanto seu próprio sangue bombeava agudos, poderosos e urgentes ataques de desejo.
Sua respiração era soluçante, sua pele escorregadia e úmida enquanto rolávamos sobre os lençóis emaranhados.
O calor aumentou até o ponto máximo, parecendo fazer o próprio ar pulsar por baixo de sua pele, até eu sentir que seu corpo parecia uma fornalha a ponto de explodir.
Senti que você estava enlouquecido, pelo gosto da minha pele, a urgência de minhs mãos.
Quando você enterrou os dentes em meu pescoço, era como se estivesse se alimentando. Sua boca era selvagem, e meu corpo se precipitava de encontro ao seu.
Fora de controle, além da razão, comecei a me mover como um relâmpago.
Seria capaz de jurar que a cama começou a rodar em círculos rápidos enquanto enganchava as pernas em torno de você.
Seu sangue era como uma tempestade, sua mente uma enxurrada...Por um momento, tudo o que conseguí ver, foram seus olhos, acesos como chamas azuis e vívidos como jóias cintilantes.